Essa postagem tem por objetivo iniciar, incentivar ou instruir iniciantes em desenho, bem como comentar sobre idéias mais avançadas a respeito de ilusionismo, mentalização, projeção e outras formas de interação criador-desenho-espectador que fazem com que a arte seja mais subjetiva ao espectador do que ao próprio artista. Sendo esta postagem uma introdução geral, os temas aqui discutidos serão abordados profundamente em outros tópicos.
ILUSÃO - o artista é antes de tudo um ilisionista. Nesse desenho, não existe um cabelo delineado, tão pouco um pano. Em tamanho real, perceberá o observador que aquilo visto como um pano sobre o corpo em verdade são linhas soltas e descontínuas. Mas então por que nossa mente diz ser um pano?
PROJEÇÃO- a mente busca padrões para categorizar as imagens. É essa habilidade que faz com que nós leiamos os testos anti-span (que são letras descontínuas em meio a desenhos bizarros). Mas por que não seria melhor desenhar realmente? Simplesmente por que a projeção feita pela mente do espectador dá-lhe a sensação de realidade. A mente não completa pobremente, ela erriquece a imagem de tal forma que quando se olha o desenho, a mente projeta o padrão de imagems pre-concebidas o espectador se identifica com a imagem. Essa identificação é importante e faz com que o observador sinta afinidade com a beleza que vê - pois não se trata de outra coisa senão de sua pŕopria imageinação refletida no papel. Então, o observador usa imagens internas para reconhecer o desenho (pessoa, carro, flor, ETC.), o desenho deve permitir essa projeção sugerindo imagens por meio de traços e sombras e perspectivas e toda sorte de técnicas. Dessa forma, a obra causará sentimentos em quem a vê, e este acreditará ser a obra de grande realismo.
ANATOMIA- quando se trata de qualquer desenho, deve-ve conhecer a fundo as formas reais do objeto. Salvo olhos não treinados, não somos capazes de distinguir duas abelhas de uma mesma espécie, mesmo olhando por minuto; ao passo que um olhar de segundos já é necessário para o reconhecimento de uma face humana. Isso deriva da nossa necessidade em nos reconhecer em sociedade e foi um benefício evolutivo. O que tem isso com desenho mesmo? simplesmente tudo: aquele que se propor a desenhar a forma humana está antes sobre olhos especialistas que quando desenhe qualquer outro ser. Embora em seus detalhes, os homens são distintos, existe uma proporção obedecida pra cada parte do corpo (que será ensinada em outro momento). O hemisfério esquerdo cerebral é especialista em reconhecer estas proporções humanas e é capaz de, com perfeição, identificar um erro. Uma vez que o hemisfério cerebral esquerdo é dominante para fala - na maioria das pessoas - um observador pode "sentir" que tem algo errado, mas não consegue dizer, nominar o erro, dirá então: "não sei bem o que, mas está estranho. Talvez...". Felizmente, essas proporções já estão bem determinadas e eu as descreverei em outro momento . Assim a anatomia foi e é estudade por grades pintores e desenhistas e não deve, a princípio ser ignorada.
A FÍSICA DA LUZ -
A a segunda grande ilusão de um desenho é olhar uma superfície plana (as duas dimensões do papel -2D) e sentir profundidade (uma representação 3D). Essa noção de espaço tridimensional que se pode dar ao desenho é marcadamente feita por três características: jogo sombra-luz, perspectiva e projeção. A perspectiva será ensinada em outro desenho (A projeção foi explicada acima). O jogo sombra-luz é simplesmente conhecer como se comporta a luz em sua reflexão, luminosidade e refração.
Observem o exemplo deste nariz, há nele a luz direta (luminosidade) e a luz refletida ( que é a quela que emana das superfícies iluminadas). Em verdade, é a sobra que denuncia a textura e forma dos objetos. A sensação de volume pode ser dada pela forma desenhada, mas vagamente, ela será concisa somente após o desenho das sombras. É tão importante para o desenho que farei um tópico à parte somente para sombra.
Por fim a luz refratada. Uma vez translúcido, um objeto desviará os raios de luz de acordo com sua forma, cor e densidade. É pelo domínio dessa propriedade no desenho, que o observador identificará o material desenhado como translúcido, à exemplo do vidro, da córnea (aguarde um tópico sobre esse tema).
PERSPECTIVA-
A perspectiva a princípio foi muito bem estudada pelos gregos. Criou-se o conceito de ponto de fuga (PF) que é o ponto para onde todas as linhas convergem (ver a figura - clique para ver maior) - Embora às vezes pareça necessário, não use régua, não vemos o mundo tão ortogonal quanto muitos pensam.
O ponto de fuga é dependente do observador e ele é o que faz um barco sumir ao orizonte ou uma construção alta parecer curva quando olhada de sua base. Quanto maior o objeto em relação à lente do observador (seja câmera ou mesmo os olhos) maiores serão as deformações provocadas pela perspectiva.
É importante frisar o quanto o ponto de fuga depende do observador. Olhado ao longo de uma estrada, um observado sentado ao se levantar verá todos os objetos moverem-se de forma a se ajustar a um novo ponto de fuga, a uma nova perspectiva.
Mas como determinar onde por o ponto de fuga? Essa é a maior pergunta. Um dos pontos estará no horizonte, que é onde todas as dimensões são pontuais e ,por tanto, para onde todas as dimensões convergem. Falta apenas determinar em que ponto do horizonte. Siga a seguinte orientação:
1- Escolha o maior objeto do desenho e que mais se repita em direção ao fundo, pode ser uma árvore que se repete ao longo de um caminho, ou pessoas - isso fica a escolha. tome ainda como padrão o que estiver mais próximo do observador, ele será a referência (ex.: no desenho acima a maior coluna foi minha referência e ela vale 1C - C de coluna ).
Mas como determinar onde por o ponto de fuga? Essa é a maior pergunta. Um dos pontos estará no horizonte, que é onde todas as dimensões são pontuais e ,por tanto, para onde todas as dimensões convergem. Falta apenas determinar em que ponto do horizonte. Siga a seguinte orientação:
1- Escolha o maior objeto do desenho e que mais se repita em direção ao fundo, pode ser uma árvore que se repete ao longo de um caminho, ou pessoas - isso fica a escolha. tome ainda como padrão o que estiver mais próximo do observador, ele será a referência (ex.: no desenho acima a maior coluna foi minha referência e ela vale 1C - C de coluna ).
2-Agora escolha uma segundo objeto do mesmo tipo, que esteja em um plano mais profundo e um pouco distante do primeiro.
3- Imagine a que distância o segundo está do observador em relação ao primeiro (ex.: no desenho, a 4º coluna da esquerda está ao dobro da distância do observador em relação a maior coluna - a que foi tomada primeiro como padrão).
4- Desenhe o segundo objeto escolhido e trace (mentalmente ou não) uma linha que toque o horizonte e a parte superior dos dois objetos escolhidos e outra linha que toque a parte inferior deles e o horizonte. O ponto de encontro entre as duas retas é o ponto de fuga. Aconselho que um deles toque o horizonte.
4- Desenhe o segundo objeto escolhido e trace (mentalmente ou não) uma linha que toque o horizonte e a parte superior dos dois objetos escolhidos e outra linha que toque a parte inferior deles e o horizonte. O ponto de encontro entre as duas retas é o ponto de fuga. Aconselho que um deles toque o horizonte.
5- Faça os mesmos passos para determinar outros pontos de fuga. O artista pode construir quantos pontos de fuga julgue ser necessário ( ex.: um para a profundidade à esquerda dos objetos , outro para os à direita e ainda mais um para para a altura dos objetos).
obs: Não use régua!!! Faz parte do seu aprendiza
do como artista desenhar linhas retas e a imprecisão do seu traço, por mais que mínima, dá qualidade ao seu desenho - embora pareça contraditório, é a imprecisão que torna o traço artístico 'à mão livre' tão expressivo e esse ponto será o próximo a ser discutido.
IMPERFEIÇÃO - a realidade reside em representar a imperfeição perfeitamente
A imperfeição das formas é o que aproxima uma arte da realidade. É difício fazer um desenho de precisas linhas e contornos, nem deve ser esse o objetivo. Para entender o por quê vou descrever a psicologia das formas e, não obstante falar de um tema agradável como exemplo.
Visualmente a mente tenta entender as formas dos objetos partindo de formas perfeitas como triângulos, quadrados, círculos, que apesar de serem várias estão em número limitado. Se por um momento, nossos olhos verem algo cuja forma não pode ser comparada com os padrões temos a sensação de caos. Assim, o caos é aquilo cujo padrão não é compreendido. Partindo disso (das formas padrões) podemos classificar objetos diferentes em categorias (telefones, carros , cavalos, etc) mesmo que as diferenças entre os objetos estejam em mais número que as semelhanças. Era disso que o Sócrates falava quando dizia que esse mundo é apenas a projeção imperfeita da realidade e , sobre o mesmo assunto, escreveu Platão no Mito da Caverna.
Ao desenharmos, primeiro tentamos entender as formas segundo o padrão e depois tentamos mimetiza-las no papel. Por isso, cada desenho é a reprodução de como vemos e de como compreendemos a imagem. Nesse processo deve-se dar especial atenção às irregularidades. É por exemplo ideal desenhar uma mulher de curvas perfeitas e pele lisa, impecavelmente harmoniosa em sua perfeição, mas não é real. Para aqueles que buscam a realidade em suas representações artísticas a assimetria e a porosidade da pele, as nuâncias ósseas faz com que aquilo que se desenhe esteja mais próximo do que é visto (esse vai ser o tema agradável).
Saindo de um padrão grego de beleza feminina, em que a mulher deveria ser grande e um tanto forte para ser bela, entramos na era da super magreza feminina - e aqui vai um desabafo - o fato é que ninguém pagaria para engordar, por que é fácil, logo é preciso fazer as pessoas desejarem a magreza (ou seja, vender dor e auto decepção ) para que elas paguem por algum produto, academia ou serviço. Sé é difícil para as mulheres se manterem magras, é tanto quanto para os homens se manterem fortes, logo vendem a imagem de um deus Apolo como ideal de beleza - e pelo mesmo motivo - vende-se a auto decepção para os homens paguem pela ilusão de serem fortes. Feito o desabafo, o fato é que isso se reflete no modo como tentamos fazer arte. Não deve o artista vender também essa imagem, isso torna o seu desenho um tanto distante demais da realidade e daquilo que ele está vendo e tentando representar.
Veja o meu desenho que pus como exemplo. São duas moças absolutamente normais. O tecido se comporta anarquicamente e gera uma assimetria que vai contra o padrão de beleza. Os glúteos não tem aquela forma semi-esférica e tônica, nem desse tonus se fazem os seios. O que há é movimento, realidade. Isso não apenas dá uma realidade orgânica ao desenho como educa os ólhos das pessoas a admirarem belezas mais palpáveis. A arte que representa a beleza caquética cria uma admiração perigosa e geradora de muitas depressões, frustrações, impotências, automutilação e toda sorte de sofrimento decorrente de um desenho inalcasável. Conscientize-se de seu papel artista, aquele que interage diretamente com a imaginação e desejos doutros. Por fim, lembre-se, a realidade reside em representar a imperfeição perfeitamente.
CONCLUSÃO- foram abordados de forma superficial os temas acima. Postarei detalhadamente esses temas.